O educador num processo de adaptação à nova turma,
seus pais e antigos educadores
Cândida Bertolini
Mirian de S. L. Oliveira
Não somos os primeiros
educadores. Todo ano recebemos um grupo de crianças que frequentou o berçário
no ano anterior. Isso gera uma série de questionamentos em nós.
O que sentimos quando as
crianças preferem os educadores do ano anterior? Como fazer para que os paus
confiem em nós, já que estes têm um vínculo estabelecido com outros educadores?
Como respeitar as diferenças que existem entre um educador e outro? Como elaborar a aceitação ou a
rejeição de alguns pais?
Buscando responder a essas
questões, paramos um pouco para pensar na adaptação de educadores, crianças e
pais.
Adaptação não é algo
estático. Adaptação é um processo de mudança, desenvolvimento. É estar atento
às novas necessidades.
Cheios de dúvidas, nós, os
novos educadores e os pais, vivenciamos algumas vezes aborrecimentos e
chateações. Mas conforme as crianças vão estabelecendo vínculo conosco vão
sendo amenizados.
Muitas mudanças ocorrem
para as crianças. Exploração de um novo espaço e objetos, refeições nas
mesinhas do refeitório e não mais nos caldeirões... Desafiamos todos a
caminhar, depois investimos no desenvolvimento dessa atividade, até iniciar
pequenas corridas. Quanto a comunicação, temos que aprender a decifrar as
primeiras palavras e os gestos que comunicam frases inteiras, para aos poucos
ir estimulando as crianças ao desenvolvimento da fala.
No segundo semestre, as
crianças já mudaram muito. Comem com autonomia quase total e usam copinhos para
beber o suco e o leite. Correm para o viveiro quando anunciamos que vamos
visitar os patos. Cantam e constroem pequenas frases. Trocam abraços e sorrisos
conosco. O trabalho é compensado pelas confidências estabelecidas.
O processo de adaptação
exige de nós reflexão e atenção aos nossos sentimentos. As crianças e seus
pais, que já estavam frequentando a creche no ano anterior, pareciam adaptados.
Mas observando os conflitos diante da nova situação, confirmamos o fato de que
a adaptação é um processo constante, que precisa ser avaliado a cada ano, com
as novas crianças e famílias, ou seja, em cada remanejamento da turma.
Texto extraído do
Livro: ROSSETI-FERREIRA, Maria Clotilde (org). Fazeres na Educação Infantil.
São Paulo: Cortez, 1998. Páginas 132-136.
Nenhum comentário:
Postar um comentário