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terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Novo ano, nova turma, nova adaptação

O educador num processo de adaptação à nova turma, seus pais e antigos educadores

Cândida Bertolini
Mirian de S. L. Oliveira

Não somos os primeiros educadores. Todo ano recebemos um grupo de crianças que frequentou o berçário no ano anterior. Isso gera uma série de questionamentos em nós.
O que sentimos quando as crianças preferem os educadores do ano anterior? Como fazer para que os paus confiem em nós, já que estes têm um vínculo estabelecido com outros educadores? Como respeitar as diferenças que existem entre um educador  e outro? Como elaborar a aceitação ou a rejeição de alguns pais?
Buscando responder a essas questões, paramos um pouco para pensar na adaptação de educadores, crianças e pais.
Adaptação não é algo estático. Adaptação é um processo de mudança, desenvolvimento. É estar atento às novas necessidades.
Cheios de dúvidas, nós, os novos educadores e os pais, vivenciamos algumas vezes aborrecimentos e chateações. Mas conforme as crianças vão estabelecendo vínculo conosco vão sendo amenizados.
Muitas mudanças ocorrem para as crianças. Exploração de um novo espaço e objetos, refeições nas mesinhas do refeitório e não mais nos caldeirões... Desafiamos todos a caminhar, depois investimos no desenvolvimento dessa atividade, até iniciar pequenas corridas. Quanto a comunicação, temos que aprender a decifrar as primeiras palavras e os gestos que comunicam frases inteiras, para aos poucos ir estimulando as crianças ao desenvolvimento da fala.
No segundo semestre, as crianças já mudaram muito. Comem com autonomia quase total e usam copinhos para beber o suco e o leite. Correm para o viveiro quando anunciamos que vamos visitar os patos. Cantam e constroem pequenas frases. Trocam abraços e sorrisos conosco. O trabalho é compensado pelas confidências estabelecidas.
O processo de adaptação exige de nós reflexão e atenção aos nossos sentimentos. As crianças e seus pais, que já estavam frequentando a creche no ano anterior, pareciam adaptados. Mas observando os conflitos diante da nova situação, confirmamos o fato de que a adaptação é um processo constante, que precisa ser avaliado a cada ano, com as novas crianças e famílias, ou seja, em cada remanejamento da turma.



Texto extraído do Livro: ROSSETI-FERREIRA, Maria Clotilde (org). Fazeres na Educação Infantil. São Paulo: Cortez, 1998. Páginas 132-136.

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