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quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Poesia: O Leão

Leão! Leão! Leão! 

Rugindo como um trovão

Deu um pulo, e era uma vez

Um cabritinho montês.

Leão! Leão! Leão!

És o rei da criação!

Tua goela é uma fornalha

Teu salto, uma labareda

Tua garra, uma navalha
Cortando a presa na queda.


Leão longe, leão perto

Nas areias do deserto.

Leão alto, sobranceiro
Junto do despenhadeiro.
Leão na caça diurna
Saindo a correr da furna.
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus que te fez ou não?

O salto do tigre é rápido

Como o raio; mas não há

Tigre no mundo que escape
Do salto que o Leão dá.
Não conheço quem defronte
O feroz rinoceronte.
Pois bem, se ele vê o Leão
Foge como um furacão.

Leão se esgueirando, à espera

Da passagem de outra fera . . .

Vem o tigre; como um dardo
Cai-lhe em cima o leopardo
E enquanto brigam, tranqüilo
O leão fica olhando aquilo.
Quando se cansam, o Leão
Mata um com cada mão.

Leão! Leão! Leão!

És o rei da criação!
Vinicius de Moraes

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