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domingo, 25 de outubro de 2020

Piaget: O Jogo Infantil

Piaget sobre o jogo infantil apresenta um estudo considerado o mais significativo que aparece em "A formação do símbolo na criança", como resultado da observação das atividades de seus próprios
filhos. Nesse estudo Piaget analisa e esclarece as relações entre o jogo e o funcionamento intelectual. Também interpreta os jogos no conjunto do contexto do pensamento da criança, distinguindo seis critérios

Habitualmente utilizado no jogo:

1 – Encontra sua finalidade em si mesmo. Esse critério é impreciso, pois todos o jogo é “interessado”: o jogador se preocupa com o resultado da sua atividade.
2 – É uma atividade espontânea, aposta à atividade do trabalho.
3 – É uma atividade que dá prazer, mas deve-se conceber essa busca de prazer como subordinada à assimilação do real ao eu; o prazer lúdico seria a expressão afetiva dessa assimilação; em outras palavras, a adaptação ao real comporta um elemento de satisfação, subordinado a um elemento de renúncia.
4 – Tem uma relativa falta de organização.
5 – Caracteriza-se por um comportamento livre de conflitos: o jogo ignora os conflitos ou, se os encontra, é para libertar o eu por uma solução de compensação ou de liquidação.
6 – É uma atividade que envolve supramotivação (motivação intensa); o jogo começaria com a intervenção de motivos não contidos na ação inicial.

Para compreender a concepção piagetiana sobre o jogo, deve se esclarecer os conceitos de acomodação e assimilação. Eles aparecem em todas as fases do desenvolvimento, sempre complementando-se de seu equilíbrio crescente.
Acomodação é o processo pelo qual a criança modifica seu estágio mental em resposta a demandas externas: por exemplo, ações como sugar o dedo, agarrar e lançar objetos comportam um ajuste dos movimentos e das percepções aos próprios objetos.
Assimilação é o processo pelo qual a criança incorpora elementos do mundo externo ao seu próprio esquema: à medida que o sujeito repete suas condutas (sugar, arrancar...), ele assemelha as coisas “de sugar”, “de segurar” às ações em que estas se tornam.
Esses dois processos formam parte de todas as ações. Às vezes um predomina sobre o outro; outras, eles se encontram em “equilíbrio”.
Assim distingue-se o jogo como sendo “a expressão de uma das fases desta diferenciação progressiva: é o produto da assimilação, dissociando-se da acomodação antes de se reintegrar nas formas de equilíbrio permanente que dele farão seu complemento, ao nível de pensamento operatório ou racional (...) O Jogo constitui o pólo extremo da assimilação do real ao eu” (Piaget, A formação do símbolo na criança, p. 207).

Piaget descreveu, classificou e explicou o jogo nas diferentes fases do desenvolvimento da criança. Os jogos de regras, por constituírem a categoria que mais interessa ao estudo dos jogos tradicionais, receberão referência especial na analise a seguir.
O nascimento do jogo se dá nas fases iniciais do desenvolvimento, quando “quase todos os comportamentos (...) são suscetíveis de se converter em jogo, uma vez que se repitam por assimilação pura, isto é, por simples prazer funcional” (Piaget, A formação do símbolo na criança, p. 117).

Piaget distingue três tipos de estruturas que caracterizam o jogo infantil e fundamentam a classificação por propostas: o exercício, o símbolo e a regra.
 Os jogos de “construção” constituem a transição entre os três tipos e as condutas adaptadas. 
Eles não caracterizam uma fase entre as outras; assinalam uma transformação interna na noção de símbolo. Ocupam no segundo, no terceiro níveis uma posição entre o jogo e o trabalho inteligente ou entre o jogo e a imitação.

Até a próxima!!

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